sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

 A Teoria Revisada das “Duas Vontades Conflitantes” [Em Deus]

Autor: Dave Hunt

(enviado por Mauro Graner)

 Muitos calvinistas, na defesa desse sistema, fazem declarações surpreendentes, tais como esta: “porque a vontade de Deus é sempre realizada, a vontade de cada criatura deve estar de acordo com a vontade soberana de Deus”30. Logicamente, então, cada pensamento, palavra e ação do homem (incluindo a maldade mais hedionda) foi desejada por Deus. Vance comenta “que a fornicação e a ingratidão são, na verdade, parte da ‘vontade secreta’ de Deus, que deve acontecer sem nenhuma surpresa à luz do [...] conceito calvinista de que o decreto de Deus abrange tudo”. Mas será que a

consciência, dada por Deus a todos, não se encolhe, horrorizada, diante dessa doutrina, segundo a qual todo o mal está de acordo com a vontade de Deus? Pink até mesmo rejeita a distinção que por vezes é feita entre a "perfeita vontade” de Deus e a Sua “vontade permissiva”, porque “Deus só permite [vontade permissiva] o que está de acordo com Sua vontade [vontade perfeita]”. Assim, ele contradiz a visão de MacArthur a respeito de 1 Timóteo 2:4, de que Deus tem duas vontades conflitantes — uma visão com a qual Sproul, Piper, e outros líderes calvinistas estão de pleno acordo. Os calvinistas lutam para conciliar uma soberania que causa cada pecaminoso pensamento, palavra e ação, bem como condena bilhões com a repetida garantia bíblica a respeito da bondade, da compaixão e do amor de Deus por todos. Muito parecido com MacArthur, John Piper propõe uma antibíblica e irracional solução — a ideia de que Deus tem duas vontades, as quais se contradizem, no entanto, não estão em conflito: 


"
Portanto, eu afirmo, de acordo com João 3:16 e 1 Timóteo 2:4, que Deus ama o mundo, com uma profunda compaixão e que deseja a salvação de todos os homens. No entanto, eu também afirmo que Deus escolheu, desde antes da fundação do mundo, a quem vai salvar do pecado. Uma vez que nem todas as pessoas são salvas, devemos escolher se queremos acreditar (conforme os arminianos) que a vontade de Deus de salvar todas as pessoas está contida pelo Seu compromisso com a autodeterminação humana ou se queremos acreditar (conforme os calvinistas) que a vontade de Deus em salvar todas as pessoas está contida pelo Seu compromisso com a glorificação de Sua graça soberana (Efésios 1:6, 12, 14; Romanos 9:22-23) [...]. Este livro pretende mostrar que, a soberania da graça de Deus na salvação é ensinada nas Escrituras. Minha contribuição foi simplesmente mostrar que a vontade de Deus para que todos   os homens sejam salvos não está em desacordo com a soberania da graça de Deus na eleição. Ou seja, a minha resposta à pergunta sobre o que restringe a vontade de Deus de salvar todas as pessoas é o Seu compromisso supremo em defender e expor a extensão completa de Sua glória, através da demonstração soberana da ira e da Sua misericórdia, para o gozo dos Seus eleitos e dos crentes de toda tribo, língua e nação."

 

Mais uma vez, temos uma descarada contradição de Piper. Em Seu grande amor e compaixão. Deus “deseja a salvação de todos os homens”. No entanto, para “expor a completa extensão da Sua glória, Ele não salva a todos e isso apesar da insistência de que Ele poderia salvar a todos, se Ele assim o desejasse. Vamos ver se entendi: o Deus de Piper deseja a salvação de todos os homens; em Sua imposição soberana da graça irresistível, Ele poderia salvar a todos, mas não o faz, a fim de demonstrar a Sua ira. Aqui, nós temos a mais clara contradição possível. Como pode o calvinista, escapar dela? Ah, Piper encontrou uma forma engenhosa de afirmar que Deus ama e, realmente, quer salvar até mesmo aqueles a quem Ele predestinou à condenação desde a eternidade passada: Deus tem duas vontades que, embora elas se contradigam entre si, estão realmente em acordo secretamente.

 

Estamos sendo levados à loucura, na medida em que as palavras perderam o seu significado? Somos convidados a crer que não há contradição, pois Deus não se contradiz ao promover a “demonstração soberana da Sua ira e da Sua misericórdia”! O raciocínio de Piper falha, mais uma vez. Condenar bilhões certamente demonstra a ira de Deus, mas como isso O glorificaria em Sua misericórdia? E, mesmo que esse fosse o caso, não há meio algum de conciliar a reprovação com as claras expressões do amor de Deus e do Seu desejo de salvar a todos — expressões que Piper, de forma anticalvinista, afirma aceitar, pelo valor conforme apresentado. Piper ainda tem outro problema. Deus não Se contradiz. Portanto, Piper deve conciliar o que ele chama de duas vontades de Deus, ao mostrar que elas estão de acordo, mesmo que elas diretamente não concordem e invalidem uma à outra. E isso ele falha em fazer, porque é impossível. A contradição é uma contradição e, não há qualquer maneira honesta onde duas proposições contraditórias possam ser manipuladas a um acordo. Piper está seguindo Calvino, que caiu no mesmo equívoco. Ele disse: “este é o Seu maravilhoso amor para com a raça humana, que Ele deseja que todos os homens sejam salvos e ainda está determinado a trazer o que perece a segurança [...]. Deus está determinado a receber todos os homens, em arrependimento, de modo que nenhum pereça34. Isso poderia ser o mesmo que João Calvino declarou tantas vezes e tão claramente que desde a eternidade passada Deus predestinou bilhões à condenação? Será que o Deus de Calvino é esquizofrênico? Muito parecido com as “duas vontades” de Piper, Calvino recuou a respeito de uma “vontade secreta”: “nenhuma menção é feita aqui de um decreto secreto de Deus, pelo qual os ímpios são condenados à sua própria ruína”. Sproul tenta jogar a mesma corda quebrada. Bryson responde razoável e sucintamente: "Assim, os calvinistas estão em uma posição estranha, ao afirmar que fazem uma oferta válida de salvação (ao não eleito) [...], enquanto negam [que] a única provisão de salvação (ou seja, a morte de Cristo) seja para o não eleito [...] [e, ao dizerem] que o não eleito não pode, possivelmente, crer no [Evangelho] [...]." Para adicionar insulto ã injúria, eles afirmam que essa é, exatamente, a maneira que Deus (desde toda a eternidade) desejou que fosse. Os calvinistas afirmam que a vontade e as ações do homem não podem estar em conflito com a vontade de Deus, pois isso, tornaria o homem maior que Deus. Essa posição antibíblica, a respeito da soberania de Deus leva-os a propor que as duas vontades em conflito não são a vontade de Deus e a vontade do homem, mas as duas vontades do designo de Deus. Em outras palavras, eles afirmam que a batalha não é entre Deus e o homem, como diz a Bíblia, mas, antes, Deus contra Si mesmo, conforme insiste o calvinismo. Deus está sendo deturpado.

 

(Que amor é este? – Dave Hunt)

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