quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

 

Por Que Deus Não Acaba Com o Mal e o Sofrimento?
Dave Hunt
[Extraído do Livro: "Que amor é este?" - Dave Hunt]

É claro, o homem pecador e o rebelde Satanás devem ser culpados, e Deus, que é perfeito em santidade, deve ser absolvido — porém, isso é impossível se Deus predestinou tudo. Muitas páginas e, até mesmo capítulos das Institutas, são oferecidas para tentar provar que tudo o que homem faz, incluindo todo o mal, é preordenado por Deus, mas que, ainda assim, o homem é culpado e punido, com justiça, por Deus, por fazer o próprio mal que Ele [Deus] ordenou (veja, por exemplo, Institutas vol. 1, xv-xviii; vol. 3, xxi-xxiv).

Muitos dos calvinistas modernos negam que o Calvinismo ensina que Deus

causa o mal. No entanto, é nisso claramente que o próprio Calvino insistia: “que os homens nada fazem, salvo pela secreta instigação de Deus, e não discutem e deliberam sobre qualquer coisa, exceto o que Ele previamente decretou Consigo mesmo e fez cumprir pela Sua secreta direção, é provado por inúmeras e claras passagens da Escritura” 13.

Na verdade, não existem tais passagens — e os exemplos de Calvino se aplicam somente a alguns homens, não a todos. Não poderia o pecador colocar a culpa de seu pecado e eterno sofrimento no Lago de Fogo num Deus que lhe permitisse escolher somente o mal e não o bem? Quem, pelo eterno decreto, soberanamente, originou os seus pensamentos maus e causou suas más ações e, em seguida, como punição para esse mal, o predestinou ao tormento eterno?

Mas espere! Romanos 9:19-22 não declara que homem algum tem o direito de reclamar contra Deus? Paulo pergunta: “
porventura a coisa formada dirá ao que a formou: por que me fizeste assim? Não tem o oleiro poder sobre o barro, para, da mesma massa, fazer um vaso para honra e outro para desonra?” Essa importante questão será discutida em profundidade mais tarde.

Por que, já que Deus é soberano e todo-poderoso. Ele não intervém e acaba com o mal? Entretanto, essa é uma peergunta sem sentido, se (conforme é alegado) Deus decretou os excessivos mal e sofrimento que afligem a humanidade. Por que Ele desfaria o que Ele pré-ordenou? No entanto, os calvinistas insistem que Deus poderia acabar com todo o mal, se Ele assim desejasse, pois Ele controla tudo. Porém, como poderia Deus reverter o que Ele predestinou? Ele não pode mudar Sua mente ou ir de encontro à Sua Palavra. Portanto, se Ele pré-ordenou o mal, Ele não pode acabar com ele.

Aqui descobrimos outra contradição. A pergunta não pode ser desprezada: por que um Deus bom, que é amor, decretaria o mal e o sofrimento para bilhões, não somente nesta vida, mas pela eternidade, no Lago de Fogo? Essa pergunta é um embaraço para, no mínimo, alguns calvinistas como R.C. Sproul e John Piper, pois não existe resposta racional alguma (muito menos bíblica) dentro desse sistema teológico. Isso foi admitido pelo próprio Calvino: “
eu, novamente, pergunto: como é que a queda de Adão envolve tantas nações, com seus infantes, na morte eterna, sem remédio, a não ser que isso seja para satisfazer a Deus? Aqui a maioria dos linguarudos deve se calar”.

Existe, é claro, uma resposta bíblica para essa questão do pecado, a qual satisfaz a consciência dada, por Deus, ao homem. O homem tem genuína responsabilidade moral para com Deus, porque, começando com Adão e Eva e chegando ao presente, “
todos pecaram” por meio de seu próprio livre-arbítrio, não por um decreto divino, imposto. Portanto, qualquer intervenção soberana que não envolvesse aniquilar a raça humana não resolveria o problema do mal, porque o mal vem de dentro do coração do homem. Jesus disse que do próprio coração do homem “procedem [...] os maus pensamentos, assassinatos, adultérios, fornicações, roubos, falsos testemunhos, blasfêmias [...]” (Mateus 15:19).

A solução única que não envolvesse destruir a humanidade, assim como Deus quase fez no dilúvio, seria mudar, completamente, o coração do homem. O calvinismo alega que Deus pode fazer isso através de uma “regeneração” soberana daqueles que Ele quer, sem qualquer fé ou entendimento por parte do homem. Se esse fosse o caso, Ele poderia ter feito dessa forma com Adão e Eva, bem como com toda a humanidade, eliminando o pecado e o sofrimento em toda a história humana. Se o problema do pecado fosse dependente apenas da obra de Deus, então Ele poderia desfazê-lo também; mas, não pode, se Ele o pré- ordenou! Pelo contrário, porque foi pelo homem que o pecado entrou no mundo, então, a solução bíblica é encontrada somente no homem Jesus Cristo (Romanos 5:12-21). Somente através da Sua Morte, como pagamento da justa pena pelos nossos pecados, e na Sua ressurreição, para infundir Sua vida nos crentes, o homem pode ser perdoado e nascer de novo do Espírito de Deus. Essa salvação maravilhosa não pode ser forçada sobre qualquer pessoa, mas é dom gracioso de Deus para todos que irão recebê-la, crendo no Evangelho de Jesus Cristo. É pela fé que somos salvos e criados em Cristo Jesus, “
para as boas obras, às quais Deus antes ordenou que andássemos nelas” (Efésios 2:8-10). Crer no Evangelho e receber a Cristo, exige o exercício de uma livre escolha por parte do homem; uma escolha que o calvinismo não permite. Conforme explicou o professor Andrew Fairbairn, de Oxford: "Enquanto a Liberdade reinou no Céu, a Necessidade governou sobre Terra; e os homens eram apenas peões [como no jogo de xadrez] nas mãos do Todo-poderoso, que os movia para onde Ele queria. Esse foi o princípio comum a teologias como as de Agostinho e Calvino [...]. Elas transformaram em ilusão a nossa experiência mais comum.”


(
Dave Hunt)

 

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